A realidade na qual vivemos nos excede em todos os lados. Estamos cientes de um pequeno espaço ao nosso redor. Um espaço que fantasiamos como um todo, como totalidade.

Na devoção despertamos com uma força inata para buscar orientação para nossas decisões. Buscas com um temperamento humilde para viver um mundo que nos transborda.

O primeiro hábito a aprender é adquirido na apreendizagem da contemplação nos diferentes cenários que assistimos no cotidiano. Começamos a capturar acontecimentos. Eventos da realidade cotidiana que até esse momento nos passaram sem nos darmos conta. Expomos uma parte sensível de nossa interioridade que recebe o que vem a ela com um apetite vital.

Inerente ao impacto que ocorre na recepção está a emoção visceral de ser amado primeiro (cuidadosamente escolhido). É a força de um sentimento de estar seguro em uma rocha.

Um sentimento que não depende de mim, mas está instalado em mim, e é antes de mim. “Tanto amou Deus ao mundo que ele nos deu seu Filho …”. Enquanto vejo o amanhecer com a enorme força do abraço do “Filho”.

Mas do que o eu autônomo a recepção ocorre em “minha” subjetividade; é a minha carne que descansa com confiança como diz o salmo. É minha interioridade que desperta a consciência projetando o sorriso da confirmação.

Assim acontece na devoção que configura a realidade onde vivo com seus  excessos que me transbordam por todos os lados. É a sutil preparação  do meu Deus, para que prove a  felicidade do seu amor!

*Dr. Carlos José Hernandez (Aprendendo a Naufragar-Reflexões psicoteológicas sobre a fragilidade humana e a esperança). Posadas, Ms Arg., 07 março 2022.

2 opiniões sobre “[2] A Devoção – um momento – instante para contemplar um extra da vida cotidiana.*

  1. Consciência da minha fragilidade. Impotência. Creio que sou amado e projetado pelo Autor.
    Mas sinto como se houvesse um aposento que não entro. Ele lá está, (Deus, o Autor, o Criador) conhece, e talvez me espere ali, mas é como se eu só precise saber que o lugar existe, ainda que não adentre nesse aposento. Porque a emoção não vai mais lá.

    1. Como se tivéssemos dificuldade de acessar ou escalar, mesmo sabendo que devemos seguir adiante… crendo com dificuldade, tendo que caminhar mesmo no escuro, sem luz, mas olhando para a brilhante estrela que nos chama. Isaias 50. 10 trata disso.

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