(Eugênio Z. Penno)

                        Há uma alegoria que fala de um grupo de pessoas que se chamavam de “cristãos”. Eles nadavam em um rio que se chamava “vida”, junto com todos os outros tipos de pessoas. Mas esses que se chamavam de “cristãos” sempre nadavam à frente, com muita perspicácia. A todas as pessoas que viam, procuravam fazer com que as seguissem, pois diziam deter a “verdadeira felicidade”. Diziam para as pessoas se converterem dos seus caminhos fúteis e seguir em direção ao “verdadeiro caminho”, para o qual elas estavam indo. Aqueles que fizessem isso iriam prosperar em suas vidas, pois caminhavam para o “Reino da Glória”. Falavam com muita autoridade e intrepidez. Rumo a esse objetivo, nadavam sempre à frente e se orgulhavam disso. E a todos aqueles que se deleitavam em cachoeiras, ou nas margens do rio (em suas praias), ou aqueles que paravam para apanhar frutos e se deliciar com eles ao longo da margem do rio, os “cristãos” diziam para que deixassem essa vida de pecados, pois se abandonassem tudo isso e nadassem para frente, um lugar de águas límpidas, com cachoeiras exuberantes, praias lindas e pomares frutíferos os esperavam. E esses “cristãos” sempre queriam mais. Nadavam “de glória em glória” em busca desse lugar. E rapidamente iam fazendo “grandes feitos”. Multidões já os seguiam. Em nome de Cristo, eles profetizavam sobre a vida das pessoas, expeliam demônios, realizavam grandes milagres e curas espetaculares. Em pouco tempo já tinham grandes navios, já eram donos de grandes árvores nas margens do rio, e até ilhas luxuosas eles já possuíam, nas quais realizavam cultos gigantescos. E quanto mais cultos realizavam, mais verbas adquiriam, e mais vitórias conquistavam. Com o tempo, se tornaram até políticos influentes. Eram muitas “bênçãos”, eles diziam. E quem não nadasse nesse rio de poder… hã… não tinha o “Espírito Santo”! Uma igreja que não prosperasse não podia ter como Deus o Deus onipotente.

                        Porém, estranhamente, existia um outro grupo de pessoas que também se chamavam de “cristãos”. E, de forma incompreensível, nadavam contra a correnteza. Eram pessoas humildes que não tinham nada, não se prendiam às coisas que o rio oferecia. Diziam ter abandonado tudo por Cristo, a quem seguiam. A única coisa que essas pessoas tinham era um amor muito grande entre si. Nadavam juntas, sempre de mãos dadas, pois a correnteza muitas vezes era forte e somente juntas elas iriam conseguir progredir. Era estranho como aquelas pessoas conseguiam ser felizes em meio a tantas adversidades. Estranhamente também elas diziam que prosperavam entre si. Não em riquezas e poder, mas rumo à fonte do rio. Para elas, prosperar era conseguir nadar um pouco mais em direção à fonte do rio. E realmente isto acontecia. Devagarzinho elas progrediam rumo à fonte do rio. E alguns fenômenos interessantes aconteciam entre aquelas pessoas. Aquelas que mais dependessem reciprocamente umas das outras, mais progrediam. Somente aquelas que estivessem de mãos dadas e estivessem fortemente conectadas umas às outras, conseguiam prosperar em meio à forte correnteza. E quanto menos coisas carregassem consigo, mais leves ficavam e mais fácil era de nadar. Aqueles que insistiam em não se desvencilhar de objetos pesados, mais penavam naquela “caminhada aquática”.

                        Conta essa estória, que no fim dos tempos aqueles primeiros cristãos foram parar num oceano salgado, sem cachoeiras, com ondas violentas e peixes ferozes; um lugar sem esperança… Já os outros cristãos que nadavam contra a correnteza, depois de subir arduamente a montanha, enfrentarem águas gélidas e neve, chegaram ao topo da montanha e vislumbraram um lindo vale com muitas cachoeiras, pomares e vida.

                        Agora, fica a pergunta: para onde você tem nadado no rio da vida?

Mateus 7. v. 21-23

21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos Céus.

22 Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e me teu nome não fizemos muitos milagres?

23 Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.

Eugênio Z. Penno, cresceu em Juiz de Fora, MG em família luterana. Texto escrito em 2013. Formado em Direito.

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