Há uma pré-história da psicologia que precisa ser conhecida e integrada na prática dos profissionais da saúde mental e educação. Entre os precursores da psicologia temos Agostinho de Hipona (354-430) com a genial incursão sobre o interior de si mesmo nas Confissões, São Tomás de Aquino (1225-1274), Inácio de Loyola (1491-1556) com os Exercícios Espirituais, René Descartes (1596-1650) que disseca analiticamente As paixões da Alma, em seu ultimo livro (1649).
Inácio de Loyola deixou-nos o rico legado dos Exercícios Espirituais que o PIO PAPA XI destaca na carta-enciclica-mens-nostra como importante contribuição para a maturação emocional e santificação de quem os pratica. Um autêntico processo analítico e psicoterápico com recursos espirituais da tradição bíblica. Segue partes da recomendação papal:
7. Com efeito, Veneráveis Irmãos, sob muitos aspectos se revela a importância, oportunidade e utilidade dos Santos Exercícios, a quem quer que refletir, embora de leve, nos tempos em que vivemos. A doença mais grave de que enferma o nosso século, doença que é ao mesmo tempo manancial fecundo dos males que todas as pessoas sensatas lamentam, é a frivolidade e falta de consideração, que extravia e desencaminha os homens. Daqui provém a contínua e veemente dissipação pelas coisas exteriores; daqui a insaciável cobiça de riquezas e prazeres. Com esta dissipação e cobiça pouco a pouco se vai enfraquecendo e extinguindo nas almas o desejo de bens mais nobres, e os homens vão-se deste modo enredando com coisas terrenas e caducas, a tal ponto que deixam de pensar nas verdades eternas, nas leis divinas, e até no próprio Deus, único princípio e fim de todas as coisas. Apesar disso, e por mais que a perversidade de costumes alastre por toda parte, continua ainda assim N. S. por sua infinita bondade e misericórdia a atrair a Si os homens com abundantíssima cópia de graças. Para curar, pois, a humanidade duma doença que tão gravemente a aflige, que remédio e alívio pudéramos propor mais apto, do que convidarmos estas almas enfraquecidas e descuidadas das verdades eternas, a recolherem-se piedosamente nos Exercícios Espirituais?
Para a formação do homem
9. Maiores, porém, são os bens que nos trazem estes retiros piedosos: porque ao obrigarem a inteligência humana a trabalhar por inquirir com maior empenho e examinar com maior diligência os próprios pensamentos, palavras e ações, aperfeiçoam e auxiliam admiravelmente as faculdades do homem; de sorte que, nesta insigne escola de espírito, a mente habitua-se a tudo pesar com tento e verdadeiro equilíbrio; a vontade robustece-se fortemente; as paixões sujeitam-se ao governo da razão; a atividade humana unida à reflexão ajusta-se com eficácia a uma norma e regra fixa; finalmente a alma inteira alcança a sua nobreza e excelência nativa, como declara o Papa S. Gregório, no seu livro “Pastoral” (P. L., t. 77, col. 73), com uma elegante metáfora: “A alma humana é como a água: que represada sobe ao alto, pois torna ao sítio donde veio; mas solta perde-se, porque se espalha inutilmente sobre a terra”.
Texto completo disponível em Carta Encíclica Mens Nostra, sobre os Exercícios Espirituais | Fraternidade Sacerdotal São Pio X no Brasil (fsspx.com.br)
