“É verdade que os mais ínfimos e mais insignificantes objetos, quer nos céus quer na terra, até certo ponto refletem a glória de Deus”
João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, Vol. 2, (Sl 65.8), p. 615.

“Deus está interessado na criação. Ele não a menospreza”
Francis A. Schaeffer, Poluição e a Morte do Homem, São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p. 44.

Neste domingo da Trindade também celebramos o Dia Mundial do Meio Ambiente. Rememoramos o Deus Trino como Pai, o Criador todo Amoroso; o Filho, nosso irmão Salvador e o Santo Espírito como a Ruah de Deus que pairava sobre as águas como um útero fecundo de tudo quanto existe e que hoje habita em nós. Também resgatamos o legado original de cuidado para com o jardim, nossa casa comum, nossa mãe terra. O chamado aos governos, às igrejas, ao setor privado e a cada indivíduo é para que reduzamos a produção e o consumo excessivo de produtos plásticos descartáveis e qualquer outro tipo de poluição. Considerando o plástico como um dos principais poluidores e destruidores da natureza, por ano, são consumidas 500 bilhões de sacolas plásticas em todo o planeta. Ao longo da última década, a humanidade produziu mais plástico do que em todo o século passado. Por minuto, são compradas 1 milhão de garrafas plásticas. Somos convocados e convocadas ao comprometimento de fazer do planeta um lugar mais limpo e mais verde. Se cada um de nós se empenhar na prática de, pelo menos uma “boa ação ecológica” por dia e nos envolvermos em ações e movimentos coletivos em prol do meio ambiente, podemos mudar esta realidade.
Metade do plástico consumido por humanos é de uso único ou descartável. Anualmente, pelo menos 8 milhões de toneladas de plástico vão parar nos oceanos – é como se despejássemos a cada minuto nos mares a carga inteira de um caminhão de lixo em plástico. O material representa atualmente 10% de todos os resíduos gerados pelo homem. Trata-se de uma emergência global que afeta todos os aspectos de nossas vidas. O plástico está na água que bebemos e na comida que comemos. Está destruindo nossas praias e oceanos, está destruindo nosso solo e nossas vidas.
Deus nos criou à sua imagem e semelhança, imagem moral, ética, comunitária e cuidadora; veio habitar em nós e nos entregou um LEGADO ORIGINAL: DOMINAR, MULTIPLICAR, ENCHER A TERRA, CUIDAR, CULTIVAR E NOMINAR. Ele confiou toda a criação nas mãos da humanidade, sabedor de que essa humanidade investigaria, conheceria, dominaria, preservaria e aproveitaria de tudo da melhor forma e, como imagem d’Ele, cuidaria devidamente. Não temos cuidado devidamente, a queda corrompeu a natureza humana e o legado que recebemos, nos tornamos gananciosos, prepotentes, egoístas, soberbos e injustos.
Cristo veio redimir a humanidade caída e toda a criação, fazer de nós, novamente, IMAGO DEI, restaurando-nos e levando-nos ao estado de pureza original. O Reino de Deus de justiça, paz e igualdade já é! O Reino já chegou! Infelizmente não plenamente! Somos sujeitos, como corpo de Cristo, no estabelecimento, parcial e gradativo, dessa justiça cuidadora, preservadora e responsável por tudo o que foi criado.
Em Cristo temos a oportunidade de um abandono de egoísmo e de um revestir de uma postura altruísta com maior cuidado e compaixão uns com os outros e para com toda a criação.
Unamos nossas forças, consumamos menos plástico, limpemos nossas ruas e praças, utilizemos mais materiais reciclados e menos descartáveis, separemos os resíduos para seres reciclados. Partilhemos nosso excedente. Cuidemos de nossas casas, ruas, bairros, cidades, nascentes, rios e oceanos. Envolvamo-nos nas ações e projetos públicos em prol do cuidado e da preservação do meio ambiente. Demos as nossas mãos, pois Ele nos confiou a palavra de reconciliação.

Rev. Jorge Diniz, pastor da Segunda Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte.
Boletim Dominical, 04 de junho de 2023.

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