A matéria no UOL sobre tratamento de t.umorista português sobre portadores de Síndrome de Down é boa ocasião para tratarmos da questão dos limites da liberdade de expressão em mídias sociais. Viktor Frankl vendo a Estátua da Liberdade em Nova York ponderava a seus alunos que a liberdade exigia o contrapeso da responsabilidade; “falta uma estátua aqui” (A estátua da Responsabilidade ~ III CONGRESSO INTERNACIONAL DE LOGOTERAPIA APLICADA À EDUCAÇÃO (logoterapiaeeducacao.blogspot.com).
Difundir mentiras e falsa ciência pode gerar mortes concretas. “Brincar” com valores simbólicos e sagrados ou especiais de um grupo pode gerar morte. Fazer apologia de assassinos e glamourizar o suicídio é perversão. Propagar e aliciar pessoas para seitas ideológicas e religiosas que pregam violência contra infiéis e destruição da ordem democrática é crime contra o laço social. Massacres em escolas tem forte associação com sofrimento de bullying no ambiente familiar e escolar. Palavras podem matar!
Será que em nome da liberdade de expressão, o crítico da regulamentação das plataformas de mídias sociais, que fala de ” ditadura do judiciário,” aplaudiria um cartoon retratando a sua própria mãe em submissão sexual degradante com um político asqueroso? Seria contra ou a favor dessa “arte”? Abuso assim era comum no anarquista e “libertário” semanário francês Charlie Hebdo até que sofreu violento atentado cometido por islâmicos (7 de janeiro de 2015). Os t.umoristas do Charlie Hebdo, ignoravam reclamos da comunidade islâmica contra a abominável prática de representar figuras de Maomé -e também a Jesus, Maria , Javé – com pornoarte e deboche.
Debochar de pessoas com deficiências revela crueldade somada à covardia. Ato desumanizador, opressivo.
Otto Marques da Silva, autor do livro documentário Uma Epopéia Ignorada – Ed. Cedas, historia as condições desumanas, violentas e excluidoras que afetaram pessoas com deficiências em todas as sociedades e presentes em todas as culturas e religiões a milênios! Somente nas últimas décadas, lentamente, a comunidade internacional tem sido conscientizada acerca da plena humanidade e dignidade de toda pessoa, inclusive dos portadores de deficiência. O processo civilizatório é lento demais o que revela a profundidade de nossos preconceitos e dificuldades com todo outro. Isto é uma longa história, tema para outro texto. Por enquanto fica nosso repúdio às falácias hipócritas de t.umoristas alienados e politiqueiros insensatos.
A.H.L.
