Um dos maiores expoentes da teologia da Libertação, Clodovis Boff foi corajoso ao dizer que tem vergonha de certos livros e ideias que defendeu: “Escrevi besteiras e radicalidades teológicas devido aos contextos e conjunturas específicas. Podem se livrar deles!”

Buscou deixar claro que embora a Teologia da Libertação ( T. L.) que ocupou espaço privilegiado em discussões teológicas e políticas nos anos 70 e 80 tivesse e tem importância em enfocar a questão social, ela se perdeu por descuidar da transcendência e se distanciar do cotidiano religioso e liturgias caras à população. Hoje pode dizer que a T. L. não é uma teologia integral como se anunciava, mas parcial, parte de uma teologia total.

“Aconteceu uma redução filosófica. Houve um sacrifício ou economia da verdade.  Alguns banalizaram a transcendência a eucaristia … queda no ativismo social”.

Diz que sempre foi honesto intelectualmente e se vincula à verdade. Considera os amigos, sim, mas sobretudo se apega à verdade. Políticos sacrificam princípios para ficar com amigos.

Bem revelador do âmago de sua espiritualidade que não é mais fruto de racionalidade, Boff diz dizer que “a teologia sem iluminação de cima acaba em heresia. Teologia é o carimbo da sabedoria divina na cabeça do homem. Não acredito no teólogo que não reza. A verdade da fé tem que ser revelada: Santo Tomás de Aquino chorava quando não conseguia resolver uma questão e pedia a Deus ajuda”.

É fundamental ser humilde perante Deus. Ele se revela aos pequeninos. A teologia da libertação social é apenas parte de uma teologia total. Ela não é integral como alguns a querem.  Disse não ter rompido com o propósito de cuidar da questão social, mas retomou o sentido da transcendência

Com isso Boff se reencontra com os que denunciavam que a T.O. havia reduzido o evangelho total a uma dimensão sociopolítica sem o mistério do sagrado, e canalizado as energias e influência da igreja em sindicalismo e ativismo sociopolítico.  Bom lembrarmos que “Nem só de pão vive o homem, mas também da Palavra de Deus”.

Ao final ele reenfatiza que continua relevante a preocupação bíblica com a dimensão social desde que caminhe junto com elementos da mística sacramental, da transcendência, da salvação humana total – corpo e alma.

AgeuH.L.

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