S. Francisco de Assis, Vincent Van Gogh e uns poucos destacados gênios humanos foram tidos como loucos por se identificaram e conviverem com gente descartada.

Porque é tão difícil pessoas com alguns bens (não só as ricas e poderosas) abrirem, um pouco que seja, os olhos, o coração e a mão em direção aos sem-nada em sua comunidade ou país? Por que dizemos mais “È meu” do que “É nosso”? A dificuldade – apego e acumulação de coisas e bens- pode ser vista na psicanálise como mecanismo defensivo de egos inseguros. Em vários casos revela um transtorno psíquico grave (CID 10 – F 42).

Teologicamente o risco é á dependência idolátrica dos bens e a insensibilidade para com os necessitados. Uma forma de Pecado, fonte ilusória de segurança e barreira para a cooperação e solidariedade. O apego costuma ser tão profundo que resiste ao próprio apelo que Jesus mesmo faz. É preciso uma compreensão fora do “normal” da lógica em uso para se livrar das autojustificativas para se manter prisioneiro de uma fantasia. Jesus, com outra lógica, disse ser muito difícil um rico entrar no Reino dos Céus (Mt. 19:24; Lc. 18.24-25)).

Chama nossa atenção ao ilustrar com a imagem de um camelo, um animal gigante tentando entrar no buraco de uma agulha. Agulha, no caso, uma pequena abertura na muralha que cercava Jerusalém por onde passavam pequenos animais com algum esforço, mas quase impossível para um camelo. Exigiria um grande esforço ou mesmo um milagre.

Mas existe milagre, mesmo que raros. Felizmente, alguns meio loucos por Cristo que não se dobram ao Baal, a Mamon e a outros deuses. Na matriz principal do capetalismo um casal leitor da Bíblia, não de K.Marx, atento a Jesus, agiu na contramão dos nossos costumes de retenção ou de pensar apenas no familiares imediatos.

Bob Moore, o fundador da Bob’s Red Mill, explicou o que motivou a doação, Bob respondeu: “Vim aqui para estudar a Bíblia, e a Bíblia diz para fazer aos outros o que gostaria que fizessem a você. […] E a participar nos lucros, a participação na empresa para tornar as coisas mais justas e mais benevolentes, impressionou-me a sentir-me fortemente a respeito”, disse. Leia a reportagem completa. Inspiradora! https://www.msn.com/pt-br/dinheiro/economia-e-negocios/empres%C3%A1rio-deixa-empresa-de-heran%C3%A7a-para-os-700-funcion%C3%A1rios/ar-BB1jjKr5?ocid=msedgdhp&pc=U531&cvid=d39cd60b39034b419283355a74a7c91e&ei=35.

É! Permitir-se ser atingido pela leitura que Jesus faz dos textos bíblicos pode revolucionar vidas!

Se mais exemplos assim acontecerem, imaginemos, quanta riqueza socializada, quantas excelentes escolas, universidades, projetos imobiliários e agrícolas sustentáveis, hospitais de ponta podem surgir e a miséria ser, sonhemos, erradicada no mundo inteiro?

Muitos projetos utópicos propagandearam um novo Paraiso na terra. Todos fracassaram e a desigualdade e a violência aumentam. Jesus anunciou o Reino dos Céus aqui na terra. que se concretizará com seu retorno. E nos convida a sermos pequenos sinalizadores de sua presença graciosa.

Continuando:

Temos uma pré-história do problema do consumismo / acumulação, problema que atualmente assumiu proporções incontornáveis, sendo a face estética de uma cultura e existência não ética.

No nível individual e grupal a compulsão por ter, de obter o gozo, mesmo às custas do outro, é o lado obscuro do desejo pela legítima satisfação de necessidades e busca de conforto, abrigo, progresso.

Filósofos estoicos e pessoas com reflexão espiritual desde a Antiguidade já comentavam sobre tendências hedônicas irresponsáveis. Hábitos e práticas como a cobiça, a glutonaria, a embriagues, o acúmulo de bens, casas, mulheres forma e são contidos em códigos religiosos.  Na literatura recebe tratamento como na peça de Moliere, O Avarento.

 (Harpagão, um velho que carrega os filhos para a sua mesquinharia e desconfia da lealdade de todos. Ele não descansa com medo de ser roubado, pois guarda todo seu dinheiro em casa, e na vigília para que os filhos não casem com alguém sem dotes.[1])) ).

 Na psiquiatria ganha status de patologias nos manuais de psicopatologia (CID-10: F 42.)

Como bem mostra o vídeo, a avalanche consumista ganhou glamour e viciou toda uma cultura. Transforma o  pretenso homo sapiens num homo consumens ,Erich Fromm, em 1965, cunhou o termo  “Homo Consumens” para referir-se ao consumo insaciável como meio de compensar um vazio interior. 

Além desta dimensão individual, uma mais destruidora é a realizada por grupos transnacionais e países que acumulam minérios, petróleo, energia, área agrícolas, água, insumos médicos, patentes científicas e técnicas impondo sobre os povos uma soberania predatória e totalitária.

A avalanche destruidora seguirá ….  Contudo é imperativo ético buscarmos alternativas. Todos iremos morrer um dia, mas podemos investir na prevenção de doenças e buscar tratamentos para melhoras parciais e temporárias. No caso da economia e estilo de vida existem várias respostas. Uma delas tem sido a |Economia de comunhão  (EdC),uma proposta de modelo de negócios que objetiva promover uma cultura econômica baseada na comunhão, na gratuidade e na reciprocidade.Economia de comunhão – Wikipédia, a enciclopédia livre.

Isaias e outros profetas disseram algo como “Ai dos que acumulam casas, terras e desprezam o pobre”. Jesus enfrentou essa questão claramente como quando desafiou o próspero agroindustrial religioso a abrir mão de seu ídolo e entrar na vida eterna. A lógica do reino que os propõe é expressa no comunitarismo de Atos 2:44-46 da Bíblia Sagrada diz que “Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e bens, e dividiam o produto entre todos, segundo a necessidade de cada um. Diariamente, continuavam a reunir-se no pátio do templo”1

Simples e difícil, assim!

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