Todo mês de dezembro, milhões de lares em todo o mundo colocam uma manjedoura em um canto especial de suas casas. Esse humilde nascimento, com figuras de José, Maria e o Menino Jesus, nos transporta para Belém, o coração da Palestina, onde há mais de dois mil anos a esperança tomou forma humana.
Este ato, que repetimos com amor e devoção, nos conecta com a história de Jesus palestino, nascido entre os mais pobres, refugiado desde a sua infância, e cuja mensagem foi e continua a ser um chamado universal à paz e à justiça.
No entanto, este ano, o presépio também deve nos lembrar da tragédia de Belém e da Palestina, lugares que hoje sofrem sob um genocídio impune. Os descendentes daquele Jesus que nasceu em um estábulo porque não havia lugar para ele estão sendo deslocados, bombardeados e exterminados. O mesmo povo que acolheu José e Maria com compaixão, salvando-os do massacre de Herodes, agora enfrenta uma tragédia histórica de proporções bíblicas.
A manjedoura, que simboliza o nascimento da esperança, nos convida a refletir sobre a terra que viu Jesus nascer. Jesus não nasceu apenas na Palestina; ele era palestino. Sua história está profundamente entrelaçada com a deste povo que hoje clama justiça.
Os antepassados de Jesus enfrentaram o terror de um Herodes que tentou apagar a possibilidade de um futuro diferente; os palestinos de hoje enfrentam bombardeamentos e ocupação numa tentativa sistemática de apagá-los da face da terra.
Neste dia que celebramos o Natal, devemos erguer a nossa voz em defesa do Jesus palestino e dos seus conterrâneos.
Aquela criança que nasceu numa manjedoura sob a luz de uma estrela nos ensinou que a vida e a dignidade humana são sagradas.
Hoje, os bombardeamentos em Gaza e a ocupação na Cisjordânia são uma afronta direta a essa mensagem. Não podemos olhar a manjedoura com devoção e ao mesmo tempo ignorar a agonia da terra que o inspirou.
A manjedoura em nossas casas não é apenas uma decoração de Natal; é um símbolo de amor, resistência e humanidade. É o lembrete de que a história de Jesus não é alheia à luta do povo palestino. Cada figura desse nascimento é um apelo à empatia e à ação: José e Maria pedem-nos que abramos as nossas portas ao refugiado; os pastores e os reis magos nos lembram que a verdadeira grandeza está no ato de partilhar e proteger a vida.
Neste Natal, que a nossa manjedoura seja um altar de solidariedade com a Palestina. Que cada figura nos inspire a exigir o fim do genocídio, a condenar os bombardeamentos e a lembrar ao mundo que a mensagem de Jesus, nascida em Belém, continua viva em cada ato de justiça.
Belém não pode ser apenas uma memória; deve ser uma causa. Em honra de Jesus palestino, hoje e sempre, erguemos nossa voz para que a paz e a dignidade voltem à terra que nos deu esperança !!
Autor: um cristão de origem israelense que prefere o anonimato.
